Eu já achei que Chocolate Belga era um sabor, já achei que aquele bombom de freeshop era o melhor do mundo, já fiz e vendi bombons e brigadeiros “Belga”. Mas afinal, o que é chocolate Belga?

O que é chocolate belga?

“Belga” não é um tipo de chocolate, como muita gente pensa. Geralmente associado a chocolates muito doces e cremosos por conta do adição de leite e açúcar, o chocolate belga é conhecidos pelos brasileiros como produtos de altíssima qualidade e até finos, dignos de dar de presente.

Há quem diga que são os melhores chocolates do mundo.

Mas chocolate Belga nada mais é que um chocolate feito na Bélgica – que mesmo sendo um país de tradição chocolateira, tem produtos de alta qualidade e outros nem tanto. Já escrevemos sobre chocolates belgas e suíços aqui.

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Galeria Real em Bruxelas, onde foram criados os primeiros bombons da história.

 

 

Chocolate Belga Tupiniquim, pode isso?

Outro erro que vemos com frequência é chamar de chocolate belga  um chocolate produzido no Brasil, com ingredientes adaptados ao clima e paladar brasileiros, só porque a dona da fábrica e da marca é uma gigante indústria belga.

Tem muita gente vendendo gato por lebre por aí, esperamos que seja por falta de conhecimento.

Feito no Brasil para o Brasil. Não é belga.

 

Assista ao vídeo sobre chocolate Belga.

Eu já achei o chocolate belga TOP.

Já falei aqui que descobri meus problemas com glúten e leite tardiamente. Até os 23 anos, eu gostava mesmo era do chocolate ao leite, bem cheio de açúcar.

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Sempre gostei muito de experimentar comidas diferentes, então conforme fui ganhando dinheiro, passei a comprar as marcas mais finas e importadas.

Pois bem, recebi diagnóstico e tirei o leite de vaca da minha vida. Junto com ele, uma enorme quantidade de doces ficou proibida.

Isso aconteceu há mais de 10 anos, e chocolates zero leite docinhos eram raros. Tudo que existia para alérgicos ou intolerantes a lactose, eram produtos a base de soja.

Não gosto do sabor residual da soja, e tendo a consciência de que a má alimentação estava arruinando minha qualidade de vida, adotei um estilo de alimentação o mais natural possível.

Então, passei a educar meu paladar para os chocolates com maior teor de cacau.

O ponto de virada.

A Java começou como uma empresa de brigadeiros gourmet zero lactose, na cozinha de casa, e foi evoluindo para a chocolateria artesanal, fazendo bombons  e doces de chocolate belga.

Bombom caramelo da Java
Bombom “belga” de caramelo cremoso – Java 2014.

Quando comecei a provar os chocolates Belga e Suíços amargos, o gosto de queimado e excesso de aroma de baunilha me incomodaram muito.

Lembro vividamente de um dia em que fazia um curso de confeitaria e a professora passou potinhos de chocolate belga 54,5% para provarmos.

Enquanto todo mundo se derretia de elogios, me senti o próprio ET por achar que aquilo não era pra mim.

Detalhe: nesta época, eu já tinha tirado o açúcar da rotina, inclusive do café, que sou apaixonada.

Ou seja: o problema não era o amargor, e sim, o gosto de queimado, mesmo.

Até que conheci uma marca Brasileira que fazia chocolates com cacau de origem e virou uma chave na minha cabeça.

Eu que já estudava o chocolate em suas técnicas, aplicações e diferenças em receitas, fui além, mergulhando no mundo do cacau e sua transformação em chocolate.

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Naquela época, não existiam cursos como existem hoje, então comprei livros técnicos estrangeiros que estudei sozinha em casa, e fiz cursos de produção industrial correlacionada ao chocolate e confeitaria.

Em 2015, lançamos nosso primeiro chocolate feito do grão a barra com cacau da Amazônia.

Saiba mais sobre a nossa fábrica

 

Chocolate belga é bom ou ruim?

Depende!

Assim como em qualquer país do mundo, existem produtos bons ou ruins.

Os belgas, franceses e os suíços são tradicionalmente reconhecidos por fazerem parte da história do chocolate: eles que colocaram leite no chocolate, inventaram os bombons e os métodos de refino e conchagem que fazem o chocolate ser a delícia que é.

Mas maquinário nenhum transforma um cacau ruim em chocolate bom.

E cá entre nós: na Bélgica, Suíça e França não tem pé de cacau, né?

Cacau bulk – sem cuidado e utilizado por grandes indústrias européias

Logo, os chocolates belgas podem ser bons ou ruins, depende do fabricante, do cacau, e de vários outros fatores.

Uma dica para identificar se o chocolate é bom ou ruim, é ler a lista de ingredientes – se tem muita coisa ali, fuja!

Outro fator determinante é o uso de aromatizante: chocolate por si só já é super aromático, a presença de aromatizante é para disfarçar defeitos.

 

 

Mudança de paradigma

Hoje, anos depois do meu primeiro Ovo de Páscoa, tenho orgulho de ver a evolução do nosso cacau e chocolate aqui no Brasil.

Vejo apreciadores, confeiteiras e nutricionistas carregando conosco a bandeira do chocolate de verdade!

E pensar que lá no início, quando ninguém sabia o que era o tal grão a barra (bean to bar), um casal de doidos criou um chocolate feito de cacau da Amazônia com SAL e amêndoas e levaram pra um gastrônomo importante experimentar.

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Se foi loucura ou coragem, não sei – mas esse chocolate com sal é um dos mais vendidos até hoje.

chocolates java
os primeiros chocolates da Java em 2015.

Se você chegou até aqui e ainda acha que só o importado que é bom, te convido a provar nossos chocolates e de tantas outras marcas artesanais que vieram depois da gente, seguindo o mesmo propósito:

valorizar nosso cacau, nossa gente e nossa terra.

Depois me conta o que achou.

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